<$BlogRSDUrl$> Meu humor atual - i*Eu

sexta-feira, outubro 31, 2003

dá-me ar. 

Eu já quis mudar o mundo. Desisti, como todos fazem. Mudar as coisas dá muito trabalho, cansa. E cansados já andamos da vida que temos e não gostamos. Cansaço ao quadrado, não. Chega. Eu também já quis mudar o mundo, como tu quiseste. E desististe. Fizeste mal, sabias? O mundo precisa de pessoas como tu, que acreditem que ainda há algo a salvar. Como eu. Que acredito, mas que finjo que não. Sabes?... Não me quero cansar mais. Sou egoísta, como tu és. Nós somos egoístas. Eles também são. Somos todos. E incrédulos, o que é pior. Sim, pior. Só acreditamos naquilo que vemos. E tocamos. Como gostamos de tocar. Tudo. Uma atracção entre nós e tudo aquilo que tocamos. Um íman. E como queremos tocar tudo.Texturas, cores. O céu, eu queria tocar no céu. Chegar lá e senti-lo nos meus dedos, a desfazer-se, não importa. Ver a tua pele desfazer-se entre mim. Devagar, com cuidado. Ser eu a desfazê-la. Até me cansar. Como fiz com o mundo, cansar-me de ti como me cansei de mudar as coisas. De te mudar. Tu és o mundo. Não te canses tu, anda lá. Estou cansada de estares cansado, cansada de estar cansada. Ainda estamos a tempo, anda lá. Vamos mudar o mundo, a ti, a mim. Salta daí, acorda do sono em que dormes a cada segundo sem nada fazer. Estas a morrer e nem sentes, já viste? Tu que sempre soubeste que ias morrer contra um Pinheiro. Não, morres em cada fracção do tempo, e nem sonhas. Quando chegares a esse pinheiro já não és tu, o que foste. Isso, levou-te o tempo com quem nem te quisseste bater. Nem te mexeste. Não te mexes. Ficas aí a ver passar o tempo, ou a ver passar a tua vida, é o mesmo. Não sabias? É o mesmo, sim. Ensinaste-mo tu. Vê bem como são as coisas, acabaste por me ensinar uma coisa que nem tu próprio sabes que sabes. Percebes? Eu sei que há coisas complicadas de se entender, como tu.Tu és uma coisa complicadíssima de entender. Muitos mecânismos ligados e inter-ligados. Muita fome. Muita febre. Muito de ti. És um excesso que me cansa, como o mundo. Mas tu és o mundo, e nem sabes. É por causa do sentido que não está nas coisas, mas em ti. Em cada um de nós. É por isso que quando eu grito vermelho, tu choras azul. É por isso que quando eu quero chegar ao céu, tu te desfazes em peles. Em texturas de outros corpos. Matas-te, devegar. Sem de ti teres pena. É terrível não termos pena de nós mesmos. Isso não sabes, penso. É que se tu não tiveres pena de ti, eu não vou ter. Nunca, acredita. É como o gostar, mas no sentido inverso. Complicado. Complicados são os mecânismos de que és feito. Reacções químicas que fazes explodir a cada toque. Sempre necessitas-te de tocar para acreditar. Enquanto isso, eu balouço nas nuvens. Porque eu acredito, eu penso que acredito. É quase o mesmo, ou mesmo o mesmo. Mesmo sem tocar. Mesmo sem te tocar. A minha mão gelada no teu peito quente. Tão quente. Muitas reacções químicas simultanêas, se é que me entendes. As minhas mãos geladas pelo mundo. Arrefeceram durante o tempo em que demorei a acreditar. Agora já não tenho tempo a perder, como tu não vais ter um dia. Um dia destes, tem cuidado. Abre bem os olhos, e acredita. Não queiras tocar em tudo. Em tudo aquilo que não é teu. Nunca vai ser, por isso não toques. Como eu não toquei no teu peito em brasa. Porque sabia. Sabia que nunca ia ser meu. Que nunca serias meu. Não toques, vê por onde passeias os teus olhos. Por onde deixas as tuas mãos. Elas têm vida, tem atenção. Nem vais dar por isso.


Salta daí, vamos mudar o mundo. Já temos pouco tempo, corre. Junta a tua mão queimada á minha gelada. Ainda chegamos ao céu um dia destes, vais ver. Mas, vem depressa. Não temos tempo a perder, sabes?
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