<$BlogRSDUrl$> Meu humor atual - i*Eu

quinta-feira, dezembro 26, 2002

Aqui ficam algumas das coisas que tenho escrito para ti mas que jamais teria cogarem de ler ou dizer frente a frente....

O amor não é uma forma de se conheçer alguém e quando passa não se sabe o que dele ficou a não ser um intervalo por onde o tempo se desfaz. E agora, num instante, é tarde para tudo.

Para que nasça um amor é preciso que outro morra e o meu não há maneira.

Continuas. Quer o queiras quer não, levas-te contigo. Também tu gostarias de ter sido quem não serias. Um dia acabarás por acabar. Adeus.

Julgar simultanemente a mesma coisa de dois pontos de vista opostos leva a enlouquecer. É uma tensão muito forte, que dilacera, faz perder a esperança, todo o sentido. Por favor, não o faças.

Talvez só o medo que o amor faz por vezes. Talvez.
Dois desejos diferentes, uma espera indefinida, duas vidas suspensas. Simples, embora estranho. Ele queri-a cada vez mais. Sem nunca a ter visto. Nem em fotografia. Estar-se apaixonado por uma pessoa da qual não se tem nenhuma imagem é lindo, pensava ele. Ela também precisava cada vez mais dele. Das palavras dele, pelo menos das palavras, de mais nada, dizia ela. Talvez da voz também, também dizia. O equívoco crescia e ninguém tinha coragem para nada.
Aguentaram-se enquanto puderam. Depois encontraram-se. Ninguém sabe porquê. Nem eles.


E eu declarei-me a ele logo a seguir, no mesmo dia - porquê esperar? - mas já percebi que não é assim que se faz, não, é preciso esperar, e o que nunca foi preciso foi mesmo falar. Falar o menos possível, essa é a regra. Falar o menos possível, pelo menos, pelo amor de deus. As pessoas estão cansadas das palavras como pedras. Fartas das palavras. Já nem acreditam nelas. Não, não sei quando isto começou assim. Não creio que tenha sido há muito, talvez. Há um momento em que acreditar e outro momento em que já não acreditas, e o intervalo entre os dois é um estreito abismo de que pareceu não fazeres caso. Mas muda muito. Quem acreditará se eu disser a alguém, eu amo-te? Eu não acredito. Eu fico confusa. Fico cheia de dúvidas. Quer dizer tantas coisas a várias pessoas tão diferentes. O melhor é ficar calada. Sim, calada. Mas também não podemos ficar calados todo o tempo, senão damos em doidos. Começamos a falar com pessoas feitas fantasmas dentro da nossa cabeça. Não, a nossa situação não é fácil.


De que estás tu a falar? Com quem? Importas-te de me passar aquela garrafa de água? Tu apareces no preciso momento em que julgava que já não ia aparecer ninguém. Sempre antecipei esse momento: o momento em que ficas só diante do mundo. Sem qualquer desculpa, testemunha, possível recuo. Tu, Deus e o mundo, isolados dentro de uma esfera opaca e silenciosa. Dentro em pouco vais ser julgado, vai ser-te revelado o segredo, vais saber porque vieste até aqui. Mete muito medo. É terrível ficarmos a sós connosco, a mais completa incógnita, sem distracção possível. Deus é terrível. Por isso o amor foi sempre tão importante. Por isso, quando cheguei daquela cidade devastada pedi a Deus, uma última vez, que me desse a provar o refúgio de uma outra alma. E apareceste. Lembro mais o som da tua voz e o teu riso do que aquilo que dizias. se bem que me encatasse o que dizias, inúmeras histórias cruzadas. Sobretudo o teu riso parecia afirmar com toda a clareza que a vida ainda existia e não era uma cópia de uma cópia destinada á ruina. Por momentos, salvaste-me.
Se quiseres julgar, tens de deixar de compreender. Ou então, ou então insistes em acreditar que a humanidade é possível e não desistes, contra todas as probabilidades, para poderes alcançar a cação excelente a que também chamam bondade e não fica registada em qualquer livro nem espera recompensa. Sê assim. Nem hesites.


Se te possuísse, desmaiava, desaparecia. Dói-me o lado esquerdo do peito, constantemente. Eu sei que é uma ilusão, mas nunca vi na minha vida alguém tão perfeito. Eu sei que é ilusão, que é mentira, que é engano. No entanto não posso deixar de te o dizer absolutamente convicta de ser verdade.
E ele diz: amor. E eu digo: amor e ficamos muito tempo calados a ouvir as gotas de chuvar a caírem no pátio, sobre as copas negras das árvores, naquele quarto de que ninguém sabe o lugar, o tempo, as estrelas invisiveis, escondidas. Achas que haverá duas gotas a caírem exactamente no mesmo momento? Depende da precisão, da probabilidade, depende da velocidade do vento. Dói-me o lado esquerdo do peito. Uma dor nem interior, nem á superfície. Uma dor tão real como a imaginação, uma dor sentimental. A dor da morte no meio peito diante do esplendor do teu ser.

[tratam-se de pensamentos e pequenos textos que tu irás perceber, sei. Sim, são para TI, só para ti. Tenho saudades tuas]
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